Dá vontade de rir, senão leiam as ideias mirabolantes aqui descritas, num país que se diz "estar em crise", que ainda têm tempo para pensar na criação de uma carreira, na criação de uma profissão, para responder assim, de uma melhor maneira à Emergência Pré-Hospitalar. É de loucos, senão reparem: Existem milhares de enfermeiros no desmprego e estes "gajos" começam de repente a pensar em criar uma carreira destas, com "milhares" de competências que não cabe na cabeça de ninguém, pois como se tem visto, a área da Emergência Pré-hospitalar irá sempre ser associada ao Médico e ao Enfermeiro. Pois as 5000 X horas de curso de um enfermeiro desempregado vale milhares de vezes mais que as X horas de curso do "Técnico de Emergência"...
Ordem dos Médicos tem dúvidas sobre necessidade desta carreira profissional A Liga dos Bombeiros Portugueses vai defender a criação da carreira profissional do técnico de emergência médica. A aposta na figura do paramédico é uma das propostas que constam do memorando que vai hoje ser entregue ao Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), no âmbito da negociação em curso. A ideia, agora defendida pelos bombeiros, já vem sendo debatida internamente por médicos e técnicos do socorro. Mas está longe de ser consensual.Em causa está a delegação nestes técnicos de competências médicas até agora vedadas aos tripulantes de ambulância de socorro (TAS). Reanimar, por exemplo, é um acto exclusivo dos médicos e que os técnicos que circulam nas ambulâncias de socorro, (com apenas 210 horas de formação), não podem praticar.
A proposta da Liga baseia-se em duas constatações, explicou ao DN o seu presidente, Duarte Caldeira. "Há actos e competências necessários à prestação do socorro que não se ajustam ao perfil curricular do tripulante de ambulância de socorro. E não há médicos suficientes para prestar um serviço de qualidade de socorro pré-hospitalar. É necessário, por isso, criar um patamar intermédio."
Duarte Caldeira não especifica, por exemplo, de quantos paramédicos precisa o País. E lembra que esta proposta é ainda teórica, inicial e não pode ser entendida como algo isolado. "É mais um passo num caminho a percorrer, cujo objectivo é aumentar a qualificação do serviço prestado". O representante dos bombeiros voluntários rejeita ainda posições corporativas e diz que estes técnicos de emergência, ou paramédicos, podem estar ao serviço dos bombeiros, INEM, Cruz Vermelha ou polícias.
Actualmente, o INEM já denomina os seus elementos de técnicos de emergência médica. "Mas a sua formação é igual à dos tripulantes de ambulância de socorro (que estão nos corpos de bombeiros), sendo apenas uma forma de o INEM descriminar positivamente os seus técnicos em relação aos outros", acusa Duarte Caldeira.
É preciso uma nova carreira?
A criação desta carreira técnica já vem sendo reivindicada pela Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar e pela Associação Portuguesa de Medicina de Emergência. Vítor Almeida, presidente da segunda entidade, afirma que os moldes de actuação dos paramédicos devem ser definidos pelo Estado. "Não servem para substituir os médicos, devem cooperar com eles." Num caso grave, diz, podem estabilizar o doente ou colocar-lhe um soro. "Mas deve ser sempre accionado também o meio medicalizado."
Vítor Almeida diz que nos técnicos do sector já existe esta aspiração e defende que seja dada prioridade aos que "já têm competência e têm disponibilidade e interesse em aprofundar os seus conhecimentos".
O bastonário da Ordem dos Médicos não está tão convencido desta necessidade. Ao DN, Pedro Nunes afirmou que a Ordem ainda não tem uma posição fechada sobre o assunto, embora a ideia já esteja a ser debatida internamente e alguns médicos a considerem positiva. As dúvidas do bastonário prendem-se com a criação de uma nova classe profissional. "Tenho dúvidas de que valha a pena criar novos profissionais especializados, utilizados de vez em quando, e aumentando muito os encargos".
Pedro Nunes questiona se não seria "mais inteligente dar formação a profissionais já existentes, como enfermeiros que estão desempregados". (LINDO)
Pedro Nunes sublinha ainda a necessidade de reforçar a centralização do sector da emergência e de criar uma autoridade mais clara neste domínio. Congratula-se, por isso, com a escolha de um militar para a presidência do INEM. "Cargo precisa de capacidade de decisão", diz.
"Realmente este país é espectacular, é invejável ser Português! Com estas ideias vamos de certeza caminhar para um futuro melhor, um futuro com mais desemprego, com mais inexperiência e competência na aplicação dos cuidados de saúde, com mais insegurança, etc..."