segunda-feira, 21 de julho de 2008

Musicoterapia - Uma nova perspectiva de cuidar

O que é a musicoterapia?

Musicoterapia pode-se definir do ponto de vista científico e do ponto de vista terapêutico.
Do ponto de vista científico a musicoterapia é uma especialidade científica que se ocupa do estudo e investigação do complexo até ao som humano.
Do outro ponto de vista a musicoterapia é a disciplina paramédica que usa o som, a musica e o movimento para produzir efeitos regressivos e para abrir canais de comunicação com o paciente.
Indicações
Como já fora dito na definição de musicoterapia, esta consiste na utilização da música e/ou de seus elementos constituintes, ritmo, melodia e harmonia, por um musicoterapeuta.
Em termos de indicações clínicas, é preciso considerar que a musicoterapia é uma forma de tratamento tal como outra qualquer, mas que tal como outros tratamentos tem os seus próprios limites e contra-indicações. No que diz respeito aos limites da musicoterapia, é fundamental eliminar a ilusão, que por vezes é frequente, de que a arte ou a música num contexto terapêutico possam levar o indivíduo que sofre a transcender todos os seus problemas. Nem sempre isso é verdade.
Entre as inúmeras aplicações da musicoterapia devem ser destacados os trabalhos com pacientes portadores de deficiências físicas, como paralisia e distrofia muscular progressiva. As deficiências sensoriais (visual e auditiva) e as síndromes genéticas (Down, Turner e Rett) também contam com essa opção como tratamento complementar. Distúrbios neurológicos (lesões cerebrais, dislexias, disfonias, entre outros) e doenças mentais, como esquizofrenia, autismo infantil, depressões e distúrbio obsessivo compulsivo também podem beneficiar com essa terapêutica. Alem destas aplicações anteriores, a musicoterapia pode ser aplicada desde a vida intra-uterina. Pesquisas feitas acerca deste assunto, provaram que o feto reage ao som e, por ser estimulado desde cedo, nasce com maior capacidade de desenvolver seu potencial.

Musicoterapia em casos específicos:

No deficiente Mental, a musicoterapia permite, de maneira bem fácil, a introdução de mensagens que pareciam difíceis ou complicadas para o deficiente mental. Para estabelecer contacto, primeiro o deficiente mental é tratado individualmente, e só depois integrado com os demais. É importante o uso do corpo como instrumento de movimento e percussão: soltar a voz, bater palmas, bater na mesa, marchar. É necessário encontrar um meio para que a criança se expresse: num ritmo, ruído, som ou melodia. Os deficientes mentais têm facilidade para viver a intensidade e aprendem a duração do ritmo, podendo passar para as aulas de música após a terapia.
Nos indivíduos com deficiência motora, esta consegue a criação de novas vias no cérebro lesado, tanto em crianças como em adultos. A música dá a emoção do movimento, porque se move no tempo e no espaço, e a meta da musicoterapia é provocar a sensação da possibilidade de realizar o movimento. Tal como no deficiente mental, também nestes pacientes é necessário trabalhar individualmente no início, pois os espásticos apresentam reacções diversas face à música. O musicoterapeuta deve procurar o melhor meio de expressão do paciente. Deve-se ainda buscar a integração com outras áreas como a psicoterapia.
Nos indivíduos com deficiência auditiva, a actividade para o som é completamente distinta em pacientes com experiência auditiva prévia, em pacientes com surdez parcial, e nos surdos que já nasceram surdos. De qualquer forma, o mais importante é o ritmo e não a melodia. São utilizados outros sistemas capazes de perceber o som: sistemas de percepção interna, táctil e o visual. Este tipo de sessões podem ser individuais ou em grupos. É importante o piso de madeira na sala de musicoterapia para sentir as vibrações, os audiofones, os grandes instrumentos, e as vibrações no ar. Sentir as vibrações do musicoterapeuta quando este canta e compará-las com as de seus companheiros é uma das experiências mais ricas de comunicação que existe.

No Autismo infantil, esta é a primeira técnica de aproximação para com este tipo de pacientes. Um indivíduo autista pode ser considerado como uma espécie de feto que se defende contra os medos de um mundo externo desconhecido e contra as sensações das deficiências do seu mundo interior. Portanto, é importante trabalhar em etapas com elementos de regressão, ou seja, musicoterapia passiva ou receptiva (o paciente é submetido ao som sem instruções prévias); de comunicação e de integração. A água pode ser fundamental para a terapia, pois é elemento com o qual a criança convive diariamente produzindo efeitos diversos, assim como sons primitivos como batimentos cardíacos, inspiração e expiração.
A Musicoterapia também se adapta perfeitamente nas famílias de crianças autistas, psicóticas, ou mesmo em qualquer grupo familiar enfermo, quando realizada paralelamente à terapia da criança.
- O Papel do Enfermeiro na Musicoterapia

Intervenções:
● Explicar os benefícios da musicoterapia para a sua saúde, para o seu bem-estar;
● Promover uma relação de empatia com o utente para este se sentir motivado e se mostrar receptivo à terapia pela música;
● Saber qual o tipo de música que o doente gosta;
● Proporcionar um ambiente calmo e confortável, de relaxamento;

O Enfermeiro pode proceder à realização destas intervenções de forma individual ou em grupo, tendo sempre em conta as necessidades específicas de cada pessoa.

É necessário uma forte interacção, uma grande disponibilidade de ambas as partes, ou seja, entre Doente e Enfermeiro, para que o processo de Musicoterapia resulte.

Resultados da Musicoterapia

A Musicoterapia como psicoterapia complementar no protocolo de tratamento, pode contribuir significativamente para a melhoria do estado de saúde não só por constituir uma situação terapêutica não intrusiva, mas também por permitir a abordagem de aspectos clínicos importantes que não são tidos em consideração nas intervenções terapêuticas convencionais.
É importante salientar a fácil e espontânea dinâmica relacional entre terapeuta e paciente, que possibilita de uma forma muito natural a optimização da intervenção clínica. Conseguindo assim uma melhor aceitação, por parte do paciente, das intervenções terapêuticas complementares, o que constitui uma mais-valia na obtenção de melhores resultados.
Estudos realizados comprovam que a musicoterapia é uma técnica capaz de restabelecer a paz e a harmonia interior do ser humano, hoje tão prejudicado pelo barulho, pelos sons agressivos e pela música dissonante ouvida em volume excessivamente alto.
Os resultados têm-se revelado notáveis em largas áreas terapêuticas ou simplesmente relaxantes e recentemente comprovado, em casas comerciais de grande porte, que além de criar uma atmosfera harmoniosa entre os funcionários, leva os clientes a realizarem suas compras com maior tranquilidade.

1 comentário:

Agnnis Gama disse...

Um enfermeiro só poderá utilizar da musicoterapia se possuir graduação ou curso de especialização na área.
O curso de graduação em musivoterapia tem 4 anos de duração com disciplinas das áreas da saúde, da psicologia e da teoria e prática musical.
Portanto só é possível praticar a musicoterapia um profissional com especialidade para tal.